segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Cartas e desencontros

Rodolfo,


Pode lhe parecer estranho, eu mandar notícia depois de tanto tempo, eu sei. Mas não resisti, e lhe escrevi.Escrevi pra você hoje, só pra dizer, que desde que terminamos, eu sonho com esse dia.Com o dia que escreveria pra dizer pra você que eu o esqueci.Sim. Passei dois anos em lágrimas, soluços e sentimentos suicidas. Passei os piores dois anos da minha vida. E hoje, quando percebi, eu já não me importava com você. Olhei o jornal, e vi uma foto sua, daí me lembrei de você.Você está bem na coluna social, saiba. Gostei do porte de homem honrado da foto. Quem vê a foto não imagina o seu passado.Passado que eu me lembro bem, e você insiste em esquecer. Calma, não enlouqueça! Não direi nada à ninguém. Prefiro guardar pra mim. Guardarei junto com todas as juras falsas que você me fez um dia, certo?Rodolfo, a última vez que lhe vi, você me disse: _ Acabou!E saiu. Não olhou pra trás, não ligou pra mim. Não secou minhas lágrimas, sequer se importou. E eu boba, procurei todo esse tempo entender o motivo de você ter partido. Mentido pra mim, ou vai negar que suas juras não eram pura hipocrisia, hein? Enfim.. Só escrevi hoje pra dizer, que eu entendi porque terminamos, Rodolfo.Terminamos porque você nunca me amou. Terminou porque você é um crápula. Chegou ao fim, porque no fundo, nunca começou. E você não sabe o quão feliz estou em lhe escrever hoje.E você, pode pegar essa carta, embolar e jogar no lixo.Mas pode ler, entender cada linha dessa carta, e tentar virar homem. É.. mas eu não acredito que você faça isso. Ninguém aprende a ser homem de um dia pro outro. Jogue a carta no lixo, Rodolfo. Jogue - a. Eu não me importo. E nunca devia ter me importado.
Ps: Tem duas fotos nossa no envelope; Dê a elas o mesmo fim que dará a carta.

Beijos.

Marcia.


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Marcia,


Quanto tempo se passou. E eu já não tinha mais esperança de receber noticias suas. Não tinha seu endereço pra lhe procurar, não tinha nada. Eu entendo toda sua fúria. Não lhe julgo. Não lhe cobro. Não nego. Quero que saiba que sinto sua falta.Dois anos se passaram. Me casei. Tenho uma filha, linda menina. Moro em um bairro nobre de São Paulo. Sou bem sucedido e me julgo feliz. Eu sei que no fundo você se importa. No fundo, minha querida, nós dois sempre nos importaremos.

Beijos.

Rodolfo.

Ps: As fotos estão lindas. As guardarei com a carta.


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Mal sabia Marcia, que Rodolfo lhe deixara porque tinha uma doença. Ele possuia uma doença grave, e tinha cinco anos de vida, no máximo. Rodolfo sempre amou Marcia. Sempre. Aparecia na coluna social, porque apoiava a causa de células tronco. Ela não leu a reportagem.Rodolfo não era rico. Não tinha se casado. Não tinha uma filha. Ele era pobre, morava sozinho e infeliz. Só disse que estava bem, porque sabia que por trás de todo ódio expresso na carta, ele a amava. E preferia que ela o odiasse, do que sofresse.Mal sabia Rodolfo, que Marcia nunca o esqueceu. Lhe escreveu a carta porque sentia falta de ler as palavras macias dele.

Ambos se amavam. E ambos deram um beijo na sorte, e deixaram voar. Mas no fundo, foi sempre amor. Sempre. E nunca deixará de ser. Nem que ele se vá. E ela fique. Nem isso. Amor é amor, ponto.

Sem mais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hmm.
Gostei do texto.
mas me lembra coisas que, hm, não sei explicar.

tá lindo o blog.

te amo.
Pra sempre.
[=

:* [Paaaaaola, sauudades]

Anônimo disse...

AAAaaaiihhh veeyy q tristee
me deu vontade de chorar
kkkkkkkkkkkkkkk...

doidooo dimaiss
bjoooooooooooo