domingo, 15 de abril de 2012

Fervilhando

Eu sempre penso em reviver o "Sim, Crônicas" quando eu acordo, por volta de 7 da manhã. É o momento em que minha cabeça começa a fervilhar milhões de teorias, respostas, conspirações, planos, perguntas e questionamentos. Tudo isso 7 da manhã, quando meus olhos nem abriram direito. Depois o dia vai passando, eu trabalho, vou pra faculdade, chego em casa cansada e a única coisa que quero fazer é tomar banho, espiar um pouco o twitter e o facebook, coisas que não exigem muito esforço e dormir. E aí acordo e antes que meu cérebro comece a transbordar pensamentos e tudo aquilo que eu já citei, me bate uma culpa leve de que eu deveria ter escrito aqui e que eu um dia vou sentir falta de saber o que tanto eu penso e sinto no meu dia enorme. E sabe, olhando assim, acho que esse blog nunca teve muito de crônica tirando o nome. Sempre foi muita poesia e crise de coração partido, o que não deixa de ser sobre mim (ou sobre a Jey, no caso dos posts dela), mas não sei se pode chamar crônica. Crônica é coisa de quem vive e não sei se a gente vive quando se tem 17 anos ou apenas se diverte. Crônica é igual novela, tem de ter um um enredo para valorizar o pedaço, e com 17 anos o meu enredo era odiar Química. Não que hoje em dia eu tenha uma grande obra, mas tenho capitulos que deixariam os dos 17 no chinelo, mas isso é assunto pra outro dia. Meu lance hoje é essa coisa de a gente querer muito escrever e falar e não ter tempo. Vi uma palestra de um sociólogo esses dias que dizia que a classe média pode se dar ao luxo hoje de comprar para os seus filhos, o tempo. O tempo de fazer cursinho de inglês, por exemplo, mas daí eu me pego me perguntando se o meu esforço hoje é pra comprar tempo amanhã e a conclusão que chego é ainda pior. Me esforço hoje, pra ganhar dinheiro amanhã e comprar tempo pro meu filho, que nem nasceu e já está me dando trabalhando. Pois é, acho que eu queria umas 4 horas a mais no dia, não pro meu filho que nem existe, mas pra mim. Pra eu fazer absolutamente nada a não ser ver televisão e desenhar. Só que o dia vai continuar tendo 24 horas, então acho que meu filho ganhou minhas 4 horas. E as minhas 4 horas meus pais me deram a muito tempo atrás, e eu nem estava aqui pra dizer o que eu queria. Complicado.

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